A vida tem a cor que você pinta. (Mário Bonatti)

sábado, 26 de maio de 2012

O direito ao grito. *


              A palavra falada sempre foi um problema para mim. Por falar demais ou de menos.  Ou, simplesmente, por falar na medida certa, mas para as pessoas erradas.
             Fui criada num regime paternalista e meio militar (isso não exclui, claro, o amor e carinho que recebíamos todos os dias) e em meio a três irmãos, sim, três “machinhos”. Dessa forma, muitas vezes tive que calar a boca por força maior.  Física.  
            Em casa não se podia falar à mesa durante as refeições. Meu pai entendia como inapropriado para o momento. Isso para mim era um crime, já que sempre compreendi esses momentos como reuniões, motivo de confraternização e partilha – não só do alimento para o corpo, mas daquele que alimenta a alma.
            Fora o tal regime, tive que conviver com outra problematização da minha fala: a própria voz. Normalmente alta e estridente, sempre que ouvida era considerada um atentado aos ouvintes. Não sei se era a imagem que eu mesma fazia ou se os outros a faziam de mim. Mas... “taquara rachada” era como os meus irmãos a denominavam.  Esse preconceito durou muuuuito tempo. E até hoje, quando ouço algo do tipo “Nossa, te reconheci pela voz.” Ou “A mesma carinha e voz de menina.”, sinto um calafrio e um soco no estômago como se voltasse no tempo.
            Mas, enfim, não escrevo este texto para reviver ou resgatar esses possíveis traumas do meu passado, tampouco para simplificar a minha relação com a fala colocando-me como vítima na história. Escrevo, principalmente, para dizer que, se algum dia tentaram me calar, lamento, mas foi em vão.
           O fato de não poder falar tanto e quanto gostaria, impulsionou-me a desenvolver ainda mais o meu discurso. Passei a prestar muito mais atenção no que as pessoas diziam e a analisar os seus discursos. E aprendi a me expressar com mais habilidade ainda, inclusive calada. Logo, o feitiço, sim, virou contra os feiticeiros. O silêncio forçado plantou em mim o desejo de cada vez mais usar do meu direito e dever de F-A-L-A-R, simplesmente.
          Talvez aí esteja o principal motivo para eu ter enveredado para as letras; ter me tornado leitora, mesmo sem ter tido estímulos para isso; e amante de todas as expressões artísticas. Talvez o meu forçado silêncio tenha me proporcionado ser, além de falante, acima de tudo, uma boa e atenciosa ouvinte.
          Assim, sou eternamente grata àqueles que algum dia tentaram fechar as portas do discurso para mim. Pois eu, ora por curiosidade, ora por ousadia, soube abrir as janelas e através delas dei (e dou) vazão a todos os meus pensamentos e sentimentos mais profundos. À minha maneira e com o meu jeito de ser. Não abrirei mão dessa minha liberdade. Nunca. O que pulsa por trás da minha aparente delicadeza e fragilidade é muito mais forte do que se imagina. E tenho dito.

* Um dos treze títulos da obra de Clarice Lispector, A hora da estrela.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Preciosidade.

Atribuo a esta postagem um sentimento de amor, ternura e felicidade. Divido com você, leitor(a), a obra prima desta pequena sonhadora, que dá asas à imaginação e produz os mais encantadores desenhos para representar o mundo a sua volta. Com eles ela alegra até os meus dias mais cinzentos, me arranca sorrisos sinceros e prova o quanto é importante cultivarmos em nós muita delicadeza e, inclusive, um pouco de ingenuidade.
Obrigada, Rafaela, por existir na minha vida e por dividir comigo as preciosidades do seu mundo e do seu modo de ver e viver tudo o que está ao seu redor...


Capa
A Girafa comendo na árvore.


As formigas e o formigueiro.


A senhora Joaninha cuidando de seus filhinhos.


A abelha voando no céu.


A artistaAbraço,

Vanessa