A vida tem a cor que você pinta. (Mário Bonatti)

domingo, 15 de junho de 2014

Muitas vezes, somos julgados pelo pouco que conseguimos (ou não) demonstrar, apenas. Se agimos com discrição ou timidez, se mal olhamos nos olhos por mera vergonha, ou se passamos despercebidos por não ter a coragem de nos aproximarmos, à vezes, erroneamente, somos vistos como antipáticos, apáticos, antissociais ou coisa do gênero. Eu sempre passo por isso! Não sou inteira e exageradamente tímida, porém, em alguns momentos, em alguns lugares e/ou circunstâncias, sou extremamente tímida e preciso me familiarizar com tudo e todos para só depois interagir. Há algo de psicológico que ainda não foi trabalhado nisso tudo, sem dúvidas. Perdoem-me se estou errada. Mas aquele que me julga apenas pelo meu jeito tatu de ser, nunca vai se permitir me conhecer de verdade (e pode ser que tenhamos o que compartilhar, sejam sonhos, desejos, interesses em comum). E, claro, por outro lado, se eu não enfrentar a minha timidez, também estarei perdendo a chance de conhecer novas e boas pessoas. Numa conversa com uma amiga, descobri que sofremos do mesmo “mal”, e eu nunca a achei tímida, sempre a vi como sociável, simpática e até destemida. Como nós somos seres complicados, como somos cheios de mistérios... É difícil encontrar no outro e em nós mesmos os verdadeiros sentimentos, as verdadeiras vontades, as necessidades ou desejos latentes. Apesar de tudo, acho incrível que nós ainda acreditemos no outro, na possibilidade do encontro. Acho importante não julgarmos uma pessoa pelo que ela demonstra ser e sim nos darmos a chance de conhecê-la de perto, ainda que isso custe um pouco para acontecer, ainda que seja um empenho danado... Acho válido nos permitirmos descobrir a infinidade de coisas, sentimentos e sensações que compõem um ser, que muitas vezes não nos passava de um ser humano qualquer, apenas pela aparência. . .
 

terça-feira, 8 de abril de 2014


Onde houver desespero, que eu leve a esperança. E possa, primeiro, conviver com o desânimo sem me desesperar.



Depois de tentar comer a lua - várias vezes -, estou com vontade de provar as estrelas.


Os amigos verdadeiros não precisam reafirmar sua amizade o tempo todo. Eles estão vivos em nós e nós neles, independente do quanto passe o tempo ou do tempo que passamos juntos.

domingo, 15 de setembro de 2013

Apegos...
Quanto mais o tempo passa (já são vinte e nove anos na estrada!), mais eu percebo o quanto sou apegada àquilo que, de alguma forma, fez de mim uma pessoa diferente. Por que não apegar-se?
Dia desses, eu ouvia uma palestra e o palestrante sugeria que, atualmente, o fato de tudo ser efêmero, de utilidade prática – usar e jogar fora ou trocar – faz com que as pessoas não queiram apegar-se a nada, nem a ninguém, até para não sofrerem quando tudo passar.      
Parece que o apego foi, praticamente, estigmatizado. Pois eu digo que remo contra a maré nesse sentido. Eu me apego mesmo, estimo, prezo, me afeiçoo. Sou muito apegada à minha família, pois ela é o meu maior tesouro, a minha verdadeira razão de existir, a minha segurança, por isso merece, sim, o meu melhor.  Sou apegada aos meus poucos e verdadeiros amigos, pois eles são a família que pude escolher a dedo. Sou apegada a sorrisos sinceros, palavras bonitas ditas com “verdade”, sem hipocrisias baratas. Sou apegada a pequenos objetos, que pertenceram, um dia, a pessoas preciosas (como um brinquinho de bijuteria, que ganhei da minha avó Zui. Ela o tirou da orelha pra me dar, acha mesmo que não vale guardar, estimar, me apegar a essa lembrança?). Sou apegada por momentos de alegrias, de tristezas ou cumplicidades, pois cada um deles influenciou (e influencia) direta ou indiretamente a constituição do meu ser, os meus fragmentos, a forma como encaro e enxergo a vida. Sou, sim, apegada a alguns “bens materiais”, como aquele livro que comprei com sacrifício em várias parcelas ou o anel que ganhei da minha mãe, que não é uma joia preciosíssima no sentido literal, mas que significa muito mais que isso, pois os sacrifícios que uma mãe faz pelo filho, por mínimos que sejam, carregam em si um afeto do tamanho do mundo e um valor inestimável.
Você deve estar pensando: “Nossa, quantos apegos! Essa pessoa deve sofrer demais.”. E eu lhe digo que sofreria muito mais, se fosse uma pessoa blindada, se não me deixasse atingir por nada, tampouco por ninguém. Seria muito mais triste, se eu coisificasse (essa é a palavra!) tudo e todos ao meu redor, e, de forma simplificada, não sofresse com as perdas e obtivesse de tudo e todos a garantia das minhas satisfações imediatas e descartáveis, apenas.
É claro que não desconfio da efemeridade da vida, de que tudo, um dia, passa. Mas, se tudo passa, que passe muito bem, já dizia o poeta. Que passe, sim, mas que não seja num vazio, numa eterna representação perfeita, barata e vã. Que hajam sentimentos, trocas verdadeiras, apegos sinceros, alegrias contagiantes, tristezas que humanizam, sorrisos capazes de mover e comover. Que haja, acima de tudo, VIDA. Ainda que ela esteja, como todos sabem, fadada ao fracasso, se levarmos em conta que todos vamos morrer, um dia. Então, enquanto o nosso dia não chega, que tal criarmos laços mais profundos? Fazermos algum sentido não só para nós, mas para o outro? Penso que só assim nos tornaremos, de alguma forma, eternos, na nossa efemeridade...



sábado, 26 de maio de 2012

O direito ao grito. *


              A palavra falada sempre foi um problema para mim. Por falar demais ou de menos.  Ou, simplesmente, por falar na medida certa, mas para as pessoas erradas.
             Fui criada num regime paternalista e meio militar (isso não exclui, claro, o amor e carinho que recebíamos todos os dias) e em meio a três irmãos, sim, três “machinhos”. Dessa forma, muitas vezes tive que calar a boca por força maior.  Física.  
            Em casa não se podia falar à mesa durante as refeições. Meu pai entendia como inapropriado para o momento. Isso para mim era um crime, já que sempre compreendi esses momentos como reuniões, motivo de confraternização e partilha – não só do alimento para o corpo, mas daquele que alimenta a alma.
            Fora o tal regime, tive que conviver com outra problematização da minha fala: a própria voz. Normalmente alta e estridente, sempre que ouvida era considerada um atentado aos ouvintes. Não sei se era a imagem que eu mesma fazia ou se os outros a faziam de mim. Mas... “taquara rachada” era como os meus irmãos a denominavam.  Esse preconceito durou muuuuito tempo. E até hoje, quando ouço algo do tipo “Nossa, te reconheci pela voz.” Ou “A mesma carinha e voz de menina.”, sinto um calafrio e um soco no estômago como se voltasse no tempo.
            Mas, enfim, não escrevo este texto para reviver ou resgatar esses possíveis traumas do meu passado, tampouco para simplificar a minha relação com a fala colocando-me como vítima na história. Escrevo, principalmente, para dizer que, se algum dia tentaram me calar, lamento, mas foi em vão.
           O fato de não poder falar tanto e quanto gostaria, impulsionou-me a desenvolver ainda mais o meu discurso. Passei a prestar muito mais atenção no que as pessoas diziam e a analisar os seus discursos. E aprendi a me expressar com mais habilidade ainda, inclusive calada. Logo, o feitiço, sim, virou contra os feiticeiros. O silêncio forçado plantou em mim o desejo de cada vez mais usar do meu direito e dever de F-A-L-A-R, simplesmente.
          Talvez aí esteja o principal motivo para eu ter enveredado para as letras; ter me tornado leitora, mesmo sem ter tido estímulos para isso; e amante de todas as expressões artísticas. Talvez o meu forçado silêncio tenha me proporcionado ser, além de falante, acima de tudo, uma boa e atenciosa ouvinte.
          Assim, sou eternamente grata àqueles que algum dia tentaram fechar as portas do discurso para mim. Pois eu, ora por curiosidade, ora por ousadia, soube abrir as janelas e através delas dei (e dou) vazão a todos os meus pensamentos e sentimentos mais profundos. À minha maneira e com o meu jeito de ser. Não abrirei mão dessa minha liberdade. Nunca. O que pulsa por trás da minha aparente delicadeza e fragilidade é muito mais forte do que se imagina. E tenho dito.

* Um dos treze títulos da obra de Clarice Lispector, A hora da estrela.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Preciosidade.

Atribuo a esta postagem um sentimento de amor, ternura e felicidade. Divido com você, leitor(a), a obra prima desta pequena sonhadora, que dá asas à imaginação e produz os mais encantadores desenhos para representar o mundo a sua volta. Com eles ela alegra até os meus dias mais cinzentos, me arranca sorrisos sinceros e prova o quanto é importante cultivarmos em nós muita delicadeza e, inclusive, um pouco de ingenuidade.
Obrigada, Rafaela, por existir na minha vida e por dividir comigo as preciosidades do seu mundo e do seu modo de ver e viver tudo o que está ao seu redor...


Capa
A Girafa comendo na árvore.


As formigas e o formigueiro.


A senhora Joaninha cuidando de seus filhinhos.


A abelha voando no céu.


A artistaAbraço,

Vanessa