A vida tem a cor que você pinta. (Mário Bonatti)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poema de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Primeiro prenúncio de trovoada para depois de amanhã.

As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço.

Da trovoada de depois de amanhã?

Tenho a certeza, mas a certeza é mentira.

Ter certeza é não estar vendo.

Depois de amanhã não há.

O que há é isto:

Um céu azul, um pouco baço, umas nuvens brancas no horizonte.

Com um retoque de sujo em baixo como se viesse negro depois,

Isto é o que hoje é,

E, como hoje por enquanto é tudo, isto é tudo.

Quem sabe se eu estarei morto depois de amaná, a trovoada de depois de amanhã

Será outra trovoada do que seria se eu não tivesse morrido.

Bem sei que a trovoada não cai da minha vista,

Mas se eu não estiver no mundo,

O mundo será diferente –

Haverá eu a menos –

E a trovoada cairá num mundo diferente e não será a mesma trovoada. (Alberto Caeiro)



* Dedico a você, Fábio, em agradecimento ao belo presente de aniversário. E a você, Milena, você bem sabe o porquê...


**Estou de volta e tentarei postar com mais frequência.


Beijo grande a todos!

Um comentário:

  1. Fico feliz que tenha gostado do presente! E obrigado pelos comentários lá no blogue, Vanessa.

    ResponderExcluir