Limitar-me, pra quê? "Creo que mis jornadas y mis noches / se igualan en pobreza y en riqueza a las de Dios y a las de todos los hombres." (Jorge Luis Borges)
Numa visita ao MON (Museu Oscar Niemeyer), tive o prazer de conhecer a obra da mexicana Cordelia Urueta. Divido com você (s) três dos quadros expostos no museu. Logo que me deparei com a frase (de Cordelia) “Busco uma emoção que vem de dentro”, lembrei-me da obra de Clarice Lispector. A sensação de ler a obra de Cordelia Urueta, para mim, é a mesma que sinto quando leio Clarice. Ambas encantam pela coexistência do simples e do hermético; das visões otimistas e pessimistas que se pode tecer sobre a nossa existência aqui na terra. E fazem isso num mesmo texto, numa mesma obra. Resultando em algo que ora se digere facilmente, ora se engole com dor, medo e sofrimento. Gosto desses contrapontos. Deliciai-vos! rs ...
Angeles de la noche - Cordelia Urueta.
Sin título - Cordelia Urueta.
Pintora de luna - Cordelia Urueta.
Até 29/08/2010, no MON, de terça a domingo, das 10h às 18h.
Um amigo meu, nos Estados Unidos, comprou uma casa velha de mais de um século, conservada, como muitas por lá existem. Muitas coisas a serem consertadas. Tudo teria que ser pintado de novo. Antes de pintar com as cores novas ele achou melhor raspar das paredes a cor velha, um azul sujo e desbotado. Raspado o azul, debaixo dele surgiu uma cor rosa mais velha ainda que o azul. Raspou-a também. Aí apareceu o creme, e depois do creme o branco... Cada morador havia coberto a cor anterior com uma cor nova. E assim ele foi indo, pacientemente, camada após camada. Queria chegar à cor original, que apareceria depois que todas as camadas de tinta fossem raspadas. Finalmente o trabalho terminou. E o que encontrou foi surpresa inesperada que o encheu de alegria. Mais bonito que qualquer tinta: madeira linda, o maravilhoso pinho-de-riga, com nervuras formando sinuosos arabescos cor castanha contra um fundo marfim. Parábola: somos aquela casa. Ao nascer somos pinho-de-riga puro. Mas logo começam as demãos de tinta. Cada um pinta sobre nós a cor de sua preferência. Todos são pintores: pais, avós, professores, padres, pastores. Até que o nosso corpo desaparece. Claro, não é com tinta e pincel que eles nos pintam. O pincel é a fala. A tinta são as palavras. Falam, as palavras grudam no corpo, entram na carne. Ao final o nosso corpo está coberto de tatuagens da cabeça aos pés. Educados. Quem somos? “O intervalo entre o nosso desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de nós“, responde Álvaro de Campos. (Rubem Alves)
Aproveito o texto de Rubem Alves para homenagear uma das pessoas mais especiais da minha vida: o meu pai. Ele sempre foi um pai maravilhoso e, com certeza, responsável por muitas demãos de tinta que recebi (e quis guardar, aceitei, não quis/precisei ‘raspar’) durante esses 26 anos. Devo muito do meu caráter, da minha moral, a ele e à minha mãe, que me educaram com amor, carinho e, principalmente, responsabilidade. Obrigada, pai, pelas palavras amigas, pelo carinho constante, pela preocupação e pelo amor incondicional. AMO você.
Dia dos pais é todo dia, eu sei, mas: Feliz dia dos pais a todos! E, para aqueles que – por diversos motivos – não estiverem com seus pais, hoje, vale Pãe, vôpai, tiopai, paidrinho, pairmão, paiamigo, e assim por diante... O que importa é o sentimento que existe e aquela sensação (na verdade, aquela certeza) de que aquele cara (ou “aquela cara”) é O CARA, é o seu herói e o dono das demãos mais importantes da sua vida.
Olá!!! Pra você(s), Maré, música de Adriana Calcanhotto e Moreno Veloso. (E junto algumas fotos dos meus dias de folga.) Tive o prazer de ver a Adriana cantando essa música ao vivo, no show Maré, em Curitiba. Foi emocionante! =)